A Organização Pan-Americana de Saúde define que a saúde mental é um “estado de bem-estar em que o indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera, é capaz de contribuir para sua alegria de viver e seu papel na comunidade”.
Os transtornos mentais são um problema de saúde pública que não deve ser negligenciado pela sociedade nem pelos médicos.
O impacto econômico gerado por gastos em saúde mental destaca a depressão como um dos principais na saúde pública até 2030, pois compromete a saúde e a qualidade de vida do indivíduo, além do aumento da mortalidade.
Apesar dos avanços científicos, o tratamento convencional da depressão é eficaz apenas em um em cada três casos.
Além disso, a condição é frequentemente recorrente, com recidiva aparente em 50% dos casos.
Nesse contexto, identificar fatores de risco modificáveis para orientar estratégias de intervenção tanto para prevenir quanto para diminuir sua gravidade parece ter seu valor.
Dentre estes fatores de risco modificáveis destacamos a alimentação.
As propriedades dos alimentos podem ter efeitos no aumento e/ou redução dos sintomas depressivos, como, por exemplo, uma dieta com menor índice inflamatório (maior quantidade de alimentos anti-inflamatórios) pode estar associado à melhora dos sintomas depressivos.
Os sintomas depressivos podem ser mais presentes e/ou agravados devido à deficiência de nutrientes como a vitamina B12, o ferro (comum em vegetarianos sem ajuste da dieta) e proteínas.
Por outro lado, uma dieta rica em nutrientes, como os carotenoides, ou adequada em selênio pode melhorar os sintomas depressivos.
Os pesquisadores LaChance e Ramsey realizaram uma revisão sistemática para identificar na literatura quais alimentos e nutrientes desempenhavam papel na prevenção e promoção da recuperação de transtornos depressivos.
Trinta e quatro nutrientes foram analisados segundo grau de evidência científica para serem qualificados como antidepressivos.
Os resultados demonstraram que 12 nutrientes estão relacionados à prevenção e controle de transtornos depressivos: ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA), ferro, magnésio, potássio, selênio, zinco, vitaminas do complexo B, vitamina A e vitamina C.
Com destaque para; alimentos de origem vegetal representando 86% do total (hortaliças, frutas, legumes, grãos, nozes, castanhas e sementes), indicando que um padrão alimentar rico em vegetais pode promover a saúde mental.
A dieta orienta o consumo de pelo menos três porções de grãos integrais, uma salada e um outro vegetal diariamente – junto com um copo de vinho.
Os lanches devem incluir frequentemente frutas oleaginosas, como nozes, castanhas e amêndoas; leguminosas diariamente ou a cada dois dias, aves e frutas vermelhas e arroxeadas pelo menos duas vezes por semana e peixe pelo menos uma vez por semana.
Há limitação para o consumo de manteiga (menos de 1 colher de sopa por dia), queijo, frituras ou fast foods (menos do que uma porção por semana para qualquer um dos três).
Polifenóis são compostos bioativos sem função de nutriente, que têm sido investigados quanto ao seu papel na prevenção e controle dos transtornos mentais devido às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Estes devem ser suplementados por períodos superiores a três meses com ótimos resultados.
Embora o Brasil apresente uma ampla biodiversidade de alimentos com alta concentração de polifenóis, o consumo destas fontes de alimentos ainda é baixo.
O café foi a principal fonte para a ingestão total de polifenóis e ácidos fenólicos, e o suco de laranja foi o principal fornecedor de flavonoides em indivíduos de todos os níveis de renda.
Portanto, indivíduos com dietas deficientes de alimentos com compostos bioativos, apresentam maior risco de transtornos mentais.
A prevenção e/ou controle dos sintomas depressivos por meio da alimentação adequada proporcionaria a mitigação do ônus econômico e social associado à saúde mental, efetivamente refletindo na preservação do bem-estar e qualidade de vida da população.
Por isso, é essencial identificar um padrão alimentar saudável, observando quais compostos bioativos, com ou sem função de nutrientes, presentes nos alimentos, podem exercer um papel protetor da saúde mental, a fim de reduzir a incidência desses transtornos na população.
Vamos descobrir juntos quais são as suas deficiências alimentares e, como corrigi-las.
Assim, ir em busca da alegria de ser saudável com ótima disposição.
Referencia:
* Cintia Pereira da Silva, doutora pela FSP/USP, Lara C. Natacci Cunha, pós-doutoranda na FSP/USP, Leonardo Negrão, doutorando na FSP/USP, e Geni R. Sampaio, doutora pela FSP/USP
Drª Marcia Tornavoi – Médica Nutróloga e Homeopata Bio-FAO. – CRM 58771 – RQE 40397
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